sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

CARLOS AUGUSTO


CARLOS AUGUSTO - Ilha da Boa Viagem - Óleo sobre tela - 60 x 130

CARLOS AUGUSTO - Igreja Nossa Senhora da Piedade, Angra dos Reis
Óleo sobre tela - 70 x 110 - 2000

Muito tem se falado da divisão racial de cotas, seja para o ensino ou para qualquer outra oportunidade de ascensão social de indivíduos. É uma questão polêmica, pois envolve uma série de fatores. É sabido que uma condição social desfavorável, por aqueles que não tem muitos recursos financeiros, principalmente para evoluírem em seus estudos, é um fator de desigualdade social, que por si só, desnivela as classes sociais e põe em desigualdade aqueles que realmente nunca terão acesso a essa melhora de condição. Por outro lado, há o risco de rotular alguém merecedor de uma oportunidade, apenas por que tem uma condição social desfavorável, sem se dar conta que ele realmente tenha méritos para isso.

CARLOS AUGUSTO - Canoas de pescadores - Óleo sobre tela - 60 x 120 - 2000

CARLOS AUGUSTO - Ferradura, Búzios - Óleo sobre tela - 60 x 110

CARLOS AUGUSTO - Praia do Leme - Óleo sobre tela - 50 x 120 - 1990

De origem modesta, negro, criado na periferia de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Carlos Augusto é um dos muitos casos, não raros, de prodigiosos talentos que não necessitam de cotas para ascensão. O respeito que sentimos pela sua obra é conquistado unicamente por ela, sem mesmo que saibamos quem é o artista que está por trás dela. Seu histórico de vida nos deixa ainda mais desconfiados se esses critérios de seleção são mesmo seguros e necessários. Descoberto ainda jovem, graças a um talento autodidata, já praticava, aos 21 anos de idade, uma pintura de veterano, mas que nunca havia sentado em uma cadeira de escola de artes.

CARLOS AUGUSTO - Rochas, Boa Viagem - Óleo sobre tela - 90 x 120 - 2003

CARLOS AUGUSTO - Angra dos Reis, Ilha Grande
Óleo sobre tela - 60 x 110 - 1990

CARLOS AUGUSTO - Saco da Gamboa - Óleo sobre tela - 65 x 100

Com o apoio da mãe, isso sim, caso raro de quem precisa da mão de obra com mais emergência para ajudar a suprir nas dificuldades domésticas, Carlos Augusto se viu forçado a abandonar cedo os seus estudos, exatamente para ajudar no orçamento da família. Por um desses vieses que a vida oferece, foi trabalhar com molduras na Galeria Rembrandt, no Rio de Janeiro. Paralelo às suas funções do dia a dia naquele estabelecimento, crescia também o interesse constante pelas obras de arte que tanto via passar por suas mãos. Não perdeu tempo e começou a explorar um dom que se fazia adormecido dentro dele. A evolução vem rápido para todos aqueles que não perdem os olhos de seus objetivos.

CARLOS AUGUSTO - Serra dos Órgãos, Teresópolis - Óleo sobre tela - 60 x 130 - 1998

CARLOS AUGUSTO - Vista de Santa Tereza, século XIX - Óleo sobre tela - 60 x 170

Carlos Augusto conquistou seu espaço graças a seu talento ímpar de captar, principalmente, as belezas naturais litorâneas do Rio de Janeiro. Faz com maestria o que muitas escolas nunca poderiam lhe ensinar. Parte a campo, capta suas primeiras impressões e depois, em seu retiro de ateliê, debruça horas a trabalhar aquilo que a retina não deixa fugir. Com uma energia imensa, explora efeitos e resultados numa técnica que desenvolveu exclusivamente para sua maneira de fazer. Curiosamente, só veio a conhecer o mar já adulto, e percebe-se o quanto o contato lhe causou emoção.

CARLOS AUGUSTO - Salinas, São Pedro da Aldeia - Óleo sobre tela - 50 x 120

CARLOS AUGUSTO - Vista da Praia de Charitas, Niterói - Óleo sobre tela

Walmir Ayala foi quem deu uma das melhores definições do artista, para um release de apresentação de suas obras em sua primeira exposição:
“Estamos diante de um pintor de Caxias, da polêmica Baixada Fluminense, e que nos traz uma lição de equilíbrio, em uma linguagem elaborada e criativa, na qual nosso mundo é revisto com grandeza e excelência técnica... Ele persegue uma visão de paz, que corresponde à emoção que sente ao trabalhar, exemplo de que a felicidade consiste em produzir algo dentro de um projeto de vida, e que talvez isso seja irreversível, em termos de vocação...”


.* Crédito das imagens para:
REMBRANDT GALERIA, Rio de Janeiro

10 comentários:

  1. Tem muitas paisagens belas.
    Gosto de um estilo mais para o realismo do que para o hiper-realismo, mas com certeza as telas são boas.
    Abraço grande desde aqui.

    S. Quimas
    Artista plástico, designer e escritor
    http://quimas.blogspot.com.br
    https://www.facebook.com/SQuimas

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    1. Os trabalhos tem um bom gosto e um apuramento técnico, impossíveis de que não nos rendamos a eles, independente do estilo.
      Grande abraço, amigo!

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  2. A arte tem sempre suas surpresas... e o bom disso tudo, é que são belas... Carlos Augusto, que grande artista!
    Bom final de semana meu amigo!

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    1. Belas e gratas surpresas.
      Tenha também um ótimo final de semana, amigo.
      Grande abraço!

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  3. Maravilhosos os trabalhos do Carlos Augusto, e também os seus, José rosário, nas telas e aqui no blog, por nos permitir conhecer todos estes artistas, e na maioria das vezes, publicando ainda o contato de cada um deles. Comprei um quadro do José Ricardo no fim do ano passado a partir dos contatos publicados aqui no blog e não canso de admiralo aqui na minha sala.

    Abraços e parabens pelo trabalho.
    Thiago.

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    1. Obrigado Thiago Costa.
      Fico feliz que o espaço tenha lhe permitido expandir horizontes e também aos meus amigos de trabalhos. Haverá algo melhor nessa vida que se sentir útil?
      Grande abraço!

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    1. Tá aí uma boa pergunta. Alguns artistas literalmente somem.
      Obrigado por participar.

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  5. Tenho o privilégio de ter em meu acervo artístico, alguns trabalhos desse extraordinário retratado da natureza. Sua técnica transfere tamanha realidade e beleza dessa criação de Deus e protegida pelo talento generosamente também doados por Ele ao Carlos Augusto.

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    1. Que legal. Conserve os trabalhos, amigo. Preserve a história e cultura de nossa terra.

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