sábado, 19 de janeiro de 2013

ROBERT JULIAN ONDERDONK

ROBERT JULIAN ONDENDORK - Vislumbre do mar, Long Island - Óleo sobre tela - 1906

ROBERT JULIAN ONDERDONK - Sombras de verão
Óleo sobre madeira - 1910

A história da arte está repleta de tristes passagens envolvendo a morte precoce de artistas talentosos em seu apogeu de carreira. Um dos casos mais célebres aqui no Brasil, foi de Almeida Júnior, por uma tragédia evitável, e mais recente com o grande artista mineiro João Bosco Campos, vítima de uma doença inevitável. Assim também foi com Robert Julian Onderdonk, que morreu aos 40 anos de idade, no auge de sua carreira, por complicações de obstruções intestinais.


ROBERT JULIAN ONDERDONK - Florada em Leon Springs - Óleo sobre tela - 1921

ROBERT JULIAN ONDERDONK - Luz do sol depois da chuva
Óleo sobre tela - 1921

Onderdonk se tornou famoso por suas interpretações magistrais de paisagens texanas, estado americano onde nasceu (San Antonio, 1882) e faleceu (San Antonio, 1922). Teve a sorte de já nascer no berço de uma família artista. O dom da pintura foi incentivado e descoberto cedo pelo pai. Havia muita dedicação por ambas as famílias paternas para que os filhos crescessem em um ambiente de latente cultura.


ROBERT JULIAN ONDERDONK - A velha macieira - Óleo sobre tela

ROBERT JULIAN ONDERDONK - Paisagem com coreopsis
Óleo sobre tela

O pai de Julian foi seu primeiro mestre, mas aos dezoito anos de idade, ele já estava ansioso para estudar no leste dos Estados Unidos. Um amigo e vizinho, G. Bedell Moore, emprestou-lhe dinheiro para ir a Nova York. Durante o verão de 1901, Julian freqüentou aulas com ninguém menos que William Merritt Chase em Shinnecock, Southampton, Long Island. Isto provou ser uma decisão favorável, uma vez que os princípios de Chase iam de encontro ao temperamento enérgico daquele dedicado aluno.


ROBERT JULIAN ONDERDONK - Florada de cactus - Óleo sobre tela - 1915

ROBERT JULIAN ONDERDONK - Paisagem seca do Texas
Óleo sobre tela

Embora tenha estudado a obra de muitos pintores e também tenha sido  aluno de Frank Vincent Dumond (1865-1971), outro estudante de Chase, Julian tinha uma atração enorme para a pintura feita no local, tornando-se um adepto fervoroso da pintura em plein air. Ele praticamente se ajoelhava diante da natureza, como uma questão de religião, e dela absorvia tudo que podia. E mesmo que tenha dedicado grande parte de sua produção a trabalhos feitos em uma única sessão, tirados do natural, ele nunca perdeu o profundo respeito pela natureza que Chase tinha instilado nele.


ROBERT JULIAN ONDERDONK - Trecho do Rio Guadalupe - Óleo sobre tela - 1921

ROBERT JULIAN ONDERDONK - Pomar de pêssegos
Óleo sobre tela - 1915

Casou-se com Gertrude Shipman em junho de 1902. Adrienne, a primeira filha, nasceu em setembro de 1903. Em 1906, organiza uma exposição patrocinada pelo estado do Texas e em 1909 decide retornar definitivamente para San Antonio. Nesse mesmo ano nasceria Robert Reid, que também seguiria as veias artísticas da família.


ROBERT JULIAN ONDERDONK - Um dia de janeiro em Brush Country - Óleo sobre tela - 1921

ROBERT JULIAN ONDERDONK - Hill Country Lane
Óleo sobre tela - 1911

Após seu retorno, Julian imediatamente começou a pintar o interior do Texas. Ele e seu pai organizaram vários passeios juntos, e Julian, depois de tantos anos em Nova York, estava de volta em seu elemento natural. Ele diligentemente aplicou os princípios que tinha aprendido de Chase, principalmente o de pintar diretamente da natureza. Revelando o seu amor para a paisagem do Texas, ele escreveu:
San Antonio oferece um campo inesgotável para o artista. Em nenhum outro lugar, os efeitos atmosféricos são tão variados e bonitos. Meus olhos não se cansam de vê-los. Em nenhum outro lugar há uma riqueza de cor tão intensa. Na primavera, quando as flores selvagens estão em flor, a natureza é desregrada: cada tom, cada cor, cada sombra está presente numa profusão generosa, e mesmo no auge do verão, quando seria de imaginar que qualquer tela só poderia transmitir a impressão de calor intenso, as possibilidades da paisagem ainda estão além da compreensão. Basta observá-la adequadamente, para encontrar tudo o que nela brilha com uma coloração dourada maravilhosa que é a alegria e o desespero de todos os que já tentaram pintá-la.


ROBERT JULIAN ONDERDONK - Campo de bluebonnets - Óleo sobre tela

ROBERT JULIAN ONDERDONK
Caminho através de um campo de bluebonnets
Óleo sobre tela

Campos com flores azuis eram seus temas mais populares e vendáveis, mas pintou-os, não só porque eles eram comercializáveis. Ele interpretou a essência dos oceanos azuis de flores nas névoas da manhã, ao sol do meio-dia, ou em flagrantes tons ternos de um crepúsculo de primavera, como ninguém antes dele ou depois. Como consequência, ele se tornou conhecido como o "Pintor Bluebonnet", uma denominação que ele detestava por causa de seus imitadores amadores, que, em sua maior parte, desvalorizaram um tema que em mãos competentes, como as suas, era pura poesia na pintura. 


ROBERT JULIAN ONDERDONK - Menina numa paisagem com bluebonnets
Óleo sobre tela - 1920

ROBERT JULIAN ONDERDONK - Última tarde
Óleo sobre tela - 1909

O jovem artista já parecia pressentir sua morte, quando afirmou:  "Eu quero fazer grandes coisas, tenho trabalhado e ainda estou trabalhando para fazer algo que realmente valha a pena, enquanto eu sentir que o tempo virá logo. Mas eu nunca fui capaz de colocar em minha pintura o que eu desejo”. Desde a sua morte precoce, Julian Onderdonk tornou-se uma lenda. Suas obras, hoje presentes em várias coleções privadas e públicas, são avidamente procuradas e estão ganhando cada vez uma alta cotação. Foi um dos tardios representantes do Impressionismo americano. Tudo que deixou em sua obra é emocionalmente misterioso e assombrosamente belo.


ROBERT JULIAN ONDERDONK
Autorretrato
Óleo sobre tela

10 comentários:

  1. Rosario , sempre nos oportunizando aprendizagem, este cara é demais ..grta pela informação....e pela dedicação de nos informar, um dia ainda conseguirei chegar em Rosario para te conhecer ..

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Soraya, há muitos ótimos artistas quase anônimos, infelizmente. Principalmente, da segunda metade do século XIX e da primeira do século XX. É sempre bom compartilhá-los por aqui.
      Grande abraço e obrigado por vir!

      Excluir
  2. Sempre fui admirador do impressionismo americano, as nuances fortes, com leveza e maestria, indica-nos um domínio "assombroso" do tema... isto tem se tornado uma busca frequente para meus estudos, muito obrigado por mais uma pérola... bom fim de semana amigão...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nossos estudos então andam pelos mesmos caminhos. Há uma infinidade de ótimos artistas quase anônimos, Vidal. É sempre bom resgatar algum.
      Grande abraço!

      Excluir
  3. É uma pena, que no passado grandes artistas morriam muito cedo....Este sitado por você...diz que ainda não tinha conseguido colocar em pintura o que desejava...e para nós ele é perfeito. Acredito que ainda hoje os grandes artistas não se sintam totalmente realizados; apesar de apresentarem obras excelentes....o ser humano é assim mesmo, sempre querendo e se preocupando em dar o melhor de si....porém não perceberam que já estão dando muito mais...dão alegria, vida, realizações para nós, meros leigos, mas que entendemos de beleza, sentimos o que o artista quis nos transmitir em sua obra. Obrigada José Rosário pelas alegrias que proporciona a todos que admiram e respeitam suas obras, e de tantos outros artistas anônimos ou não, que há anos galgam por este lindo e difícil caminho, a arte da pintura.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Marise, pelas suas considerações.
      Acredito que não só na arte, mas em vários segmentos, existiram e há pessoas comprometidas em se superarem a cada dia. Na arte, mais que em qualquer outro ramo, há uma luta constante para atingir uma perfeição que só existe na mente dos artistas. Desconheço um artista que seja completamente satisfeito com aquilo que faz. Infelizmente, uns se vão ainda mais cedo, muito antes de trilharem uma estrada maior e merecida.
      Um grande abraço!

      Excluir
  4. É impressionante a quantidade de artistas excelentes como este que foram esquecidos por uma historiografia da arte tendenciosa. Quem acredita na história oficial, parece que houve o impressionismo, que logo morreu para dar lugar ao fauvismo,ao cubismo, abstracionismo, expressionismo etc...
    Obrigado José por apresentar mais um destes grandes artistas cujas obras alimentam nossas almas.

    Grande abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é, Ari. Ainda bem que a internet permite que façamos a nossa parte, não é?!
      Tenho visto vários antigos nomes que são verdadeiras novidades para mim.
      Obrigado pela visita, meu amigo!

      Excluir
  5. José Rosário, parabéns e obrigado pelas belas postagens, grandiosos preseentes a todos nós, amantes da arte.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Definiu bem, Amarildo. Grandiosos presentes deixados pelo Onderdonk
      Obrigado por passar aqui e grande abraço!

      Excluir